Diante de uma consternação em escala global acerca do câncer que acometeu o ex-presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, no Brasil as opiniões hoje se dividem entre os que esperam que o político receba o tratamento de acordo com suas posses e os que insistem em sugerir que o ex-presidente trate-se pelo Sistema único de Saúde, o SUS.
Além de envolver ética, pela razão óbvia de tratar-se de um caso de saúde delicado cujo combate envolve uma grande força de vontade, é impossível ignorar o apelo de quem não se conforma com o atual estado da saúde pública brasileira.
Especialistas no setor garantem que o tratamento na rede pública, uma vez alcançado pelo cidadão, revela-se satisfatório, com pleno acesso à equipamentos, serviços e medicamentos. O problema é chegar lá. Há um calvário conhecido de todos os que necessitam do serviço público do SUS.
A fase pré-diagnóstica é crucial no combate à doença, que em alguns casos, como o do ex-presidente, acontece com uma evolução extremamente rápida da moléstia.
É justamente neste ponto em que o cidadão cai no limbo do serviço. As datas para os exames, biópsias e finalmente o diagnóstico, que irá determinar a forma mais eficaz de tratar a doença, podem não chegar a tempo, ou já encontrar o paciente já com o mal em estágio avançado, dificultando sobremaneira e encarecendo o tratamento, que poderia ser menos dispendioso para o poder público e mais eficiente para o bem-estar do paciente.
Para os que consideram a sugestão dada para o ex-presidente ofensiva, de mau gosto ou porventura vêem maldade em questionar o porquê de alguém que havia dito que a Saúde pública brasileira é quase de primeiro mundo não se tratar como um cidadão brasileiro sem recursos, a resposta é a oportunidade, encontrada neste caso em particular, de confrontar aquele que exercia o poder com a realidade do País, sem interferência de assessorias e marqueteiros preocupados em capitalizar votos ou com a ‘imagem’.
Ao ex-presidente, que continue lutando com a garra que o trouxe, desde os tempos do sindicalismo, às mais altas instâncias do poder público. Que tenha uma plena recuperação.
Aos demais brasileiros padecendo com suas agruras e aflições, que vençam as etapas que os separam de um tratamento digno e ‘quase de primeiro mundo’, com fé e esperança.