sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Sírio x SUS

Diante de uma consternação em escala global acerca do câncer que acometeu o ex-presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, no Brasil as opiniões hoje se dividem entre os que esperam que o político receba o tratamento de acordo com suas posses e os que insistem em sugerir que o ex-presidente trate-se pelo Sistema único de Saúde, o SUS.

Além de envolver ética, pela razão óbvia de tratar-se de um caso de saúde delicado cujo combate envolve uma grande força de vontade, é impossível ignorar o apelo de quem não se conforma com o atual estado da saúde pública brasileira.

Especialistas no setor garantem que o tratamento na rede pública, uma vez alcançado pelo cidadão, revela-se satisfatório, com pleno acesso à equipamentos, serviços e medicamentos. O problema é chegar lá. Há um calvário conhecido de todos os que necessitam do serviço público do SUS.

A fase pré-diagnóstica é crucial no combate à doença, que em alguns casos, como o do ex-presidente, acontece com uma evolução extremamente rápida da moléstia.

É justamente neste ponto em que o cidadão cai no limbo do serviço. As datas para os exames, biópsias e finalmente o diagnóstico, que irá determinar a forma mais eficaz de tratar a doença, podem não chegar a tempo, ou já encontrar o paciente já com o mal em estágio avançado, dificultando sobremaneira e encarecendo o tratamento, que poderia ser menos dispendioso para o poder público e mais eficiente para o bem-estar do paciente.

Para os que consideram a sugestão dada para o ex-presidente ofensiva, de mau gosto ou porventura vêem maldade em questionar o porquê de alguém que havia dito que a Saúde pública brasileira é quase de primeiro mundo não se tratar como um cidadão brasileiro sem recursos, a resposta é a oportunidade, encontrada neste caso em particular, de confrontar aquele que exercia o poder com a realidade do País, sem interferência de assessorias e marqueteiros preocupados em capitalizar votos ou com a ‘imagem’.

Ao ex-presidente, que continue lutando com a garra que o trouxe, desde os tempos do sindicalismo, às mais altas instâncias do poder público. Que tenha uma plena recuperação.

Aos demais brasileiros padecendo com suas agruras e aflições, que vençam as etapas que os separam de um tratamento digno e ‘quase de primeiro mundo’, com fé e esperança.

Rock in Rio?


Uma boa parcela daqueles que comentam por aí sobre o rock in Rio, que começa neste final de semana e traz um total de cerca de 170 apresentações musicais em seus espaços, diz respeito a um sem número de artistas que, segundo essa boa parte do público, nada tem a ver com o mote do evento.
A bola da vez são as cantoras baianas Ivete Sangalo e Claudia Leitte. Com o devido cuidado da produção do evento, a fim de evitar o que já aconteceu antes, pelo menos desta vez: tanto uma, como a outra cantora apresenta-se, no festival, ao lado de artista com um público que , por suposição, não é roqueiro e evita o conflito entre os gostos muito variados.
A bem da verdade, o Rock in Rio sempre teve muito menos ‘rock’ do que o nome do festival nos leva a crer.
Na primeira edição, em 1985, para que se abrissem as portas para grupos de rock que jamais haviam cogitado em estar na América do Sul, muito do que era considerado o lixo das gravadoras internacionais desembarcaram por aqui.
Quase ninguém conseguiu entender como, em meio à presença de grandes astros da música do calibre de Queen, e o recém chegado Iron Maiden ao cenário, havia figuras como Al Jarreau, Ivan Lins e alemã Nina Haggen.
Nas edições seguintes, o expediente estava lá, de novo: a segunda edição do evento, talvez a mais ‘roqueira’, trouxe o episódio envolvendo o cantor Lobão, que subiu ao palco após um curto show da banda Sepultura, em plena ebulição no Brasil e no exterior. O resultado foram latas de cerveja sendo arremessadas no cantor, que tinha levado a bateria da Mangueira para uma participação especial.
Carlinhos Brown foi o protagonista do mais conhecido dos atos de rejeição ocorridos no festival. Ávidos para o show do Guns’n’Roses que aconteceria ali mais tarde, os fãs da banda americana não perdoaram o remeleixo do baiano e proporcionaram a maior onda de arremesso da copos de água mineral no cantor. Brown, que na ocasião insistiu em continuar o show, afirmando ser ‘da paz’, acabou interrompendo o show antes do final, perdeu a paciência, xingou todo mundo e foi embora. Em paz.
A lista de artistas que passam ao largo do rock, este ano porém,  traz um grupo seleto de artistas que mostram algo mais do que boa produção e aparência. Kathy Perry é um exemplo. Tem bons hits, sem ser extravagante e uma música sóbria, sem ser chata.
As melhores apostas, porém, virão do Palco Sunset, dedicado a parcerias inusitadas. Por lá, algumas lendas como o Punk Metal All Stars, grupo que será acompanhado pelo grupo brasileiro de thrash metal Korzus e traz na formação integrantes das bandas Dead Kennedys e Suicidal Tendences.
Os brazucas devem proporcionar momentos memoráveis com os shows de Mutantes & Tom Zé, o Baile do Simonal e Diogo Nogueira & Davi Moraes, Matanza e BNegão e Erasmo Carlos & Arnaldo Antunes.
Enfim, nem tudo é rock “in Rio”!