segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A vida por um fio


Ainda um completo mistério para as relações entre as pessoas, as redes sociais que se multiplicam por aí aprisionam em seus perfis um pouco da existência de cada um de nós. A frenética troca de mensagens, recados, vídeos, músicas, fotos e até, quem diria, textos, nos dão aquela sensação de que isto é o mundo, e a sua realidade. O dia na empresa acaba ao desligar da máquina, o mesmo acontece em casa, quando nos desconectamos para, enfim, irmos ao sono sagrado, às vezes, depois de horas batendo papo na rede.
Uma das conseqüências das quais é necessário ficar de olho tendo em nosso cotidiano todo esse mundo que operamos com as pontas de nossos dedos, é uma certa impaciência que surge quando precisamos dos serviços presentes no mundo do lado de fora dos fios. Vá a um banco no próximo dia 10 e verás o que te aguarda no lado real da vida. Não dá pra deletar a fila! A crítica aqui não é em relação ao atendimento dos bancos, mas como a vida real segue em seu ritmo, o ritmo de cada pessoa, cada um com seu tempo e cada coisa em seu devido tempo.
A sensação que resta, oriunda da discrepância entre o virtual e o real, é a de que estamos ficando ultrapassados. Pior ainda, pode haver uma tendência ao desrespeito alheio, como se operássemos o outro da mesma forma que operamos impunemente os sites de relacionamentos.
É evidente que o passar dos anos torna o ser humano consciente em relação ao tempo de cada realização e por essa razão, a vida fora da rede deva ser encorajada. Os mais jovens não são capazes de perceber o quanto se desperdiça de uma vida ainda precoce tanto em frente a um objeto, que por mais que responda aos nossos comandos, é inanimado, é uma ferramenta.
O bom uso das tecnologias pode ser o passaporte para um futuro mais equilibrado, desde que cada um possa entender os limites e características do mundo virtual, cada vez mais veloz, mais potente, mais avançado, em oposição ao mundo real, com pessoas reais, cada vez mais sem um rumo em meio à velocidade das mudanças que afetam diretamente os relacionamentos entre cada pessoa.
Juventude – Será realizado em setembro, em Praia Grande, a 1ª Conferência da Juventude. Serão debatidas propostas de políticas públicas para juventude da Região. É uma oportunidade para o jovem engajar-se junto ao poder público, trazendo as discussões que interessam para a busca de soluções. Através do blog juventudepg.blogspot.com,  os interessados poderão participar com suas propostas e organizar grupos de representação.
Tema de recente palestra ministrada a 120 alunos da Escola Municipal São Francisco de Assis, as redes sociais devem ser tema recorrente entre os jovens e certamente deve ser pautado para discussões durante as conferências em setembro.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Um Dia para o Ser Humano


Aparentemente, excessos estão sendo cometidos pelos grupos que defendem os direitos das minorias e começam a ser, de certa forma, repudiados pela sociedade. Parece que há uma mensagem no ar: tolerar é salutar, mas o excesso de exposição ainda causa inquietação em muita gente. No final, a própria sociedade acaba se regulando e vai convivendo.
Com vistas a esse fenômeno, é de se admirar que, oportunamente liderados por políticos e lideranças religiosas de plantão, seja aventado criar um dia para o orgulho dos heterossexuais, aumentando o abismo entre grupos que estão cada vez mais distantes entre si.
A última do momento é a invenção do Dia do Orgulho Hétero. Pronto, agora a maioria quer ser minoria, só para ter seu dia de afago, mesmo que não precise disto, mesmo que seja um tremendo absurdo. O projeto de lei, de autoria do vereador Carlos Apolinário (DEM-SP) foi aprovado nesta terça-feira (2) e aguarda sanção do prefeito Gilberto Kassab. Se for sancionado, o que veremos como manifestação a esse dia? Haverá algum tipo de parada? Alguém será aclamado um genuíno representante do heterossexualismo e vai receber uma comenda por isto? 
Embora seja possível notar algum eventual traço de ranço na iniciativa de certas minorias, os grupos realmente sofrem as consequências da discriminação e alguns necessitam de uma regulamentação que permita o pleno convívio social, como todas as demais minorias que têm por aí se manifestado. É aí que se nota uma diferença em relação aos que propõem a tal data numa atitude que aparenta ser um tanto quanto reacionária. A motivação das minorias é sentida na pele deles no cotidiano, enquanto os ”normais” respondem esperneando ao ver seu espaço ameaçado.
Neste contexto, é absurdo supor que uma eventual causa heterossexual venha a necessitar de amparo e resguardo legislativo. Assim como no caso das manifestações em prol da homossexualidade, tal medida já começa também a ganhar ares de excesso.
Com isso, os ânimos acabam por não se arrefecer e, cada vez mais, podem ocorrer manifestações de ambos os lados com desdobramentos chegando à violência das agressões registradas em jornais afora contra todo aquele que não é igual.
O que se espera de um representante de nossa sociedade é, acima de tudo, a capacidade de agir e decidir com bom senso, mesmo reservando divergências idealistas ou moralistas. Que procure agregar os conjuntos que formam a nossa sociedade e tragam propostas de melhor convivência entre os cidadãos que, com diferentes aparências, preferências e grupos distintos, estão sujeitos aos mesmos problemas comuns a qualquer cidadão brasileiro.
Espera-se que, acima deste ou daquele, um dia se ouça falar da vontade em criar o Dia do Ser Humano, tão esquecido sob toneladas de rótulos, valores equivocados e diferenças.

P.S. : este texto foi escrito no dia 03 de agosto de 2011. Hoje, 09 de agosto, seis dias depois, a notíca é que os vereadores pedem ao prefeito Kassab o veto a tal legislatura.