terça-feira, 9 de agosto de 2011

Um Dia para o Ser Humano


Aparentemente, excessos estão sendo cometidos pelos grupos que defendem os direitos das minorias e começam a ser, de certa forma, repudiados pela sociedade. Parece que há uma mensagem no ar: tolerar é salutar, mas o excesso de exposição ainda causa inquietação em muita gente. No final, a própria sociedade acaba se regulando e vai convivendo.
Com vistas a esse fenômeno, é de se admirar que, oportunamente liderados por políticos e lideranças religiosas de plantão, seja aventado criar um dia para o orgulho dos heterossexuais, aumentando o abismo entre grupos que estão cada vez mais distantes entre si.
A última do momento é a invenção do Dia do Orgulho Hétero. Pronto, agora a maioria quer ser minoria, só para ter seu dia de afago, mesmo que não precise disto, mesmo que seja um tremendo absurdo. O projeto de lei, de autoria do vereador Carlos Apolinário (DEM-SP) foi aprovado nesta terça-feira (2) e aguarda sanção do prefeito Gilberto Kassab. Se for sancionado, o que veremos como manifestação a esse dia? Haverá algum tipo de parada? Alguém será aclamado um genuíno representante do heterossexualismo e vai receber uma comenda por isto? 
Embora seja possível notar algum eventual traço de ranço na iniciativa de certas minorias, os grupos realmente sofrem as consequências da discriminação e alguns necessitam de uma regulamentação que permita o pleno convívio social, como todas as demais minorias que têm por aí se manifestado. É aí que se nota uma diferença em relação aos que propõem a tal data numa atitude que aparenta ser um tanto quanto reacionária. A motivação das minorias é sentida na pele deles no cotidiano, enquanto os ”normais” respondem esperneando ao ver seu espaço ameaçado.
Neste contexto, é absurdo supor que uma eventual causa heterossexual venha a necessitar de amparo e resguardo legislativo. Assim como no caso das manifestações em prol da homossexualidade, tal medida já começa também a ganhar ares de excesso.
Com isso, os ânimos acabam por não se arrefecer e, cada vez mais, podem ocorrer manifestações de ambos os lados com desdobramentos chegando à violência das agressões registradas em jornais afora contra todo aquele que não é igual.
O que se espera de um representante de nossa sociedade é, acima de tudo, a capacidade de agir e decidir com bom senso, mesmo reservando divergências idealistas ou moralistas. Que procure agregar os conjuntos que formam a nossa sociedade e tragam propostas de melhor convivência entre os cidadãos que, com diferentes aparências, preferências e grupos distintos, estão sujeitos aos mesmos problemas comuns a qualquer cidadão brasileiro.
Espera-se que, acima deste ou daquele, um dia se ouça falar da vontade em criar o Dia do Ser Humano, tão esquecido sob toneladas de rótulos, valores equivocados e diferenças.

P.S. : este texto foi escrito no dia 03 de agosto de 2011. Hoje, 09 de agosto, seis dias depois, a notíca é que os vereadores pedem ao prefeito Kassab o veto a tal legislatura. 

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