segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Quincy Jones: Michael Jackson não tinha tanto talento

Produtor dos três primeiros álbuns solo do cantor Michael Jackson, o americano Quincy Jones com 76 anos de idade afirmou hoje, 14/09/2009 em entrevista no jornal El País na Espanha onde participa de uma mesa redonda com Youssou n'Dour, que Jackson “não tinha tanto talento assim”.
Existe, sem dúvida, um fundo de verdade na afirmação do produtor, mas não tira o mérito do cantor.
Vamos ao exercício mental de tentar entender o universo em que ambos atuam:
Quincy Jones traz em seu currículo a impressionante marca de 27 prêmios Grammy arrebanhados ao longo de sua carreira como produtor. Jones faz um comparativo de Michael com outros astros com quem trabalhou, gente graúda diga-se de passagem, Louis Armstrong, Billie Holliday, Aretha Franklin, Nat King Cole, um tal de Frank Sinatra e, segundo Quincy Jones, o maior talento musical que produziu: Ray Charles.
Na verdade o páreo para Michael Jackson não é mole, mas Michael possui outro tipo de talento que vai muito além da simples musicalidade, sua concepção artística descambava em um álbum, de certa forma sempre meio temático, o que levava a um show decorrente muito bem contextualizado.
Acho, pessoalmente, que como artista certas lacunas criadas na carreira do cantor por força das etapas de produção era algo com o qual Michael não podia lidar, para se ter uma idéia, um trabalho com o nível de elaboração que Jackson demandava leva alguns anos desde o primeiro ato de concepção/produção para ser concluído.
Aliás tal situação é bem inerente no meio artístico, hiatos criativos existem e neste momento é gerada uma grande ansiedade com a qual o artista deve saber lidar sob pena de refletir negativamente na carreira.
De qualquer forma, Quincy Jones não diz categoricamente que Michael era ruim, afinal como compositor gerou as matérias-primas que viraram clássicos na mão do produtor.
É pra isso que existem Michael Jacksons e Quincy Jones' por aí, ao ouvir uma música de sua banda favorita saiba que existe um integrante a mais operando a sonoridade do grupo.
A polêmica está criada e é você quem deve formar a opinião.
Honestamente, você gosta das músicas do cantor? Ótimo é o que importa, afinal Armstrong, Aretha, Holliday, Cole, Sinatra (mas quem é esse cara?) e Charles deram sua contribuição para o cenário musical. Suas obras estão aí, mas a fila do cancioneiro pop tem que andar.
Nos últimos vinte e cinco anos a fila andou em Moonwalker, qual será o passo de agora em diante?

p.s. desculpem a brincadeira quem for fã do Frank Sinatra, era mesmo irresistível...

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Mano é dez!

Do ano de 2004 pra cá o técnico Mano Menezes tem colecionado um retrospecto, no mínimo, bastante promissor. A conquista pelo Corinthians da Copa do Brasil ontem contra o time do Internacional lá no Beira-Rio é, neste momento, a cereja do bolo dele.

Ao contrário do que aparenta, Mano não é tranqüilo. Demonstra ser extremamente aguerrido, um tanto explosivo, principalmente dentro de campo onde frequentemente é expulso, sobretudo em decisões. Mas o time, mesmo sem sua presença no banco, reflete sua disciplina tática.
O Corinthians não apresentava essa regularidade técnica em campo provavelmente desde a época do Parreira em 2002, quando também sagrou-se campeão, pela segunda vez, da Copa do Brasil.

O Campeonato Brasileiro conquistado pelo Timão em 2005, apesar da dupla Tevez e Nilmar, foi muito mais oriundo das falcatruas envolvendo bolsas de aposta (aquele caso do juiz Edílson) do que de bom futebol.
Mano construiu o time do Corinthians a partir da defesa e meio-campo, durante o campeonato da Série B do ano passado. Só então, com a defesa bem postada, as atenções chegaram ao ataque do time. Foi como uma casa que se constrói do alicerce ao acabamento.

Do ano de 2004 pra cá, o retrospecto de Mano traz os seguintes resultados:

-com o inexpressivo time do XV de Novembro de Campo Bom, em 2004, alcançou um espetacular terceiro lugar na Copa do Brasil daquele ano;

-com o Grêmio faturou a série B do Brasileirão e dois títulos gaúchos consecutivos em 2006 e 2007, chegou ao terceiro lugar no brasileiro de 2006 e ao vice-campeonato da Libertadores em 2007;

-com o Corinthians, vice da Copa do Brasil, campeão da Série B do brasilerão em 2008, o Paulistão de 2009 invicto e finalmente a Copa do Brasil, contra o Inter, que já ta virando, meio que, freguês dele.

São dez resultados expressivos em uma carreira ainda iniciando.
É claro que ainda falta no currículo do treinador o Brasileirão série A e o sonho de consumo do corinthiano, a Copa Libertadores.

Mas as peças desse xadrez foram dispostas a partir da conquista de ontem.
O futuro do Corinthians no próximo ano e meio propicia ao treinador a oportunidade de seguir em busca destes resultados que coroariam de vez condição de treinador top.
Mano é dez. Mas seu desafio é ser onze, doze...

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Será que cai?

Sarney vai sair de cena. Talvez renuncie à presidência do Senado, talvez (pouco provável) se licencie do cargo.
É isso.
É esse o filme que já vimos e vamos ver de novo.
Não será cassado. Manterá seus direitos políticos e quem sabe ainda volta reeleito (será que o povo llláááá no Amapá vai discernir na hora do voto?).
Estamos no incrível Brasa! O Brasilzão! No Brasil hoje é assim.
Nos bastidores costuram-se neste momento a seguinte situação: o Presidente Lula antecipou em duas horas seu retorno da Líbia (!) e deve chegar por volta das 21 horas desta quarta, 01/07 em Brasília.
Sarney optou, aparentemente, pela renúncia, mas estamos no Brasa!
Lula não quer abrir mão de Sarney na presidência do Senado, então nosso oligarca espera do Presidente o seguinte: sem apoio o senador aguarda que Lula lhe faça um apelo à sua permanência no cargo, para então voltar atrás na decisão e jogar nas costas do Presidente a tarefa do angariar apoio para o senador.
No Blog do Josias, na Folha tem mais detalhes sobre essa costura bem armada que vamos receber guela abaixo.
E as últimas de Brasília, segundo o Jornal Nacional: o PT, que hoje havia sugerido o afastamento do cargo ao senador Sarney, agora voltou atrás, ou seja, a costura está neste momento sendo tramada. Teremos uma madrugada quente. Boa noite, talvez.

Não tem saco para discutir política?
Os políticos tem de sobra! Cuidado.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Porque não censuraram João Ubaldo em Portugal e por que censuramos o livro sobre Robertão aqui no Brasa!

O grupo Auchan, dono da rede de supermercados Jumbo sediada em Portugal, anunciou pela segunda vez em dez anos a suspensão da venda do livro A Casa dos Budas Ditosos, do escritor brasileiro João Ubaldo Ribeiro, com a alegação de que a obra é pornográfica. Simplesmente.

Em primeiro lugar não li o livro, portanto, não posso aferir o devido teor de sacanagem do mesmo, mas, quem o leu afirma que tudo está em contexto com a história e que o livro não versa só sobre isso, enfim...

O que a primeira vista aparenta um ato de censura, seguramente, não é.

Como entende o articulista João Pereira Coutinho, jornalista português que também escreve na Folha de SP, o ato de suspender a venda do livro, por parte da empresa, é “ridículo, provinciano e analfabeto, mas, paradoxalmente, é um ato de liberdade”.

Ora vamos aos fatos: quem resolveu suspender a venda do produto foi a empresa privada que o comercializa, simplesmente retirando de suas prateleiras.
Nada contra, por mais absurda e preconceituosa que seja a decisão de escolher a mercadoria que se vende, é direito legítimo.

Em Portugal este livro continua disponível em qualquer outro ponto de venda porque a suspensão da venda é unilateral e reservada a uma única empresa que de maneira alguma determina parâmetros culturais ou sequer tem envergadura no sentido de impor restrições a temas abordados em peças culturais sendo, portanto, o único a perder com o ato.

Já no Brasil, o Brasa!, permitimos que o livro escrito por Paulo César Araújo com a biografia de Roberto Carlos seja, por decisão judicial, recolhido das prateleiras das livrarias de todo país!

Claro que a notícia é pra lá de velha, mas observemos as diferenças entre o “arcaico” Portugal e o “modernoso” Brasil: lá se pode comprar e ler a pornografia de João Ubaldo, desde que longe do Jumbo, um reduto de compras familiar, já, aqui quem é fã do “Rei”, mas fã mesmo, como o autor da biografia Paulo César, fica privado da obra de uma vida inteira de jornalismo dedicada a coberturas da carreira do cantor, materiais exclusivos coletados ao longo da vida do Robertão.

Na prática sofremos uma censura a um material jornalístico que no Brasil não ocorria desde os tempos da ditadura.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

De Pelé a Neymar

Na copa de 70 no México tiveram duas jogadas que revelaram toda genialidade do Pelé, mas que não se converteram em gols: uma delas foi aquele drible de corpo, e de vaca, no goleiro uruguaio Mazurkiewicz e outra, aquela bola que ele chutou do meio-campo e que passou à esquerda do goleiro Viktor, da Tchecoslováquia no estádio Jalisco. Também pode-se citar a cabeçada para o chão que o inglês Gordon Banks defendeu, mas apesar da visão do craque brasileiro, nesta jogada o personagem foi mesmo o goleiro britânico que protagonizou uma defesa tida como impossível.

A marca do craque está em ambas as jogadas, e até mesmo na da cabeçada: o craque sabe onde está em campo, sabe onde está o adversário marcador e para onde este vai, sabe onde está o gol e o goleiro e a sua capacidade é fechar esta conta mais rápido que todos e, em vantagem de tempo, decidir o que fazer com a bola. A cabeça é o terceiro pé, como afirmou certa vez Neném Prancha.

Essa pequena vantagem de fração de segundo é fator que, dentro do âmbito esportivo, significa uma enorme diferença, senão, vejam o que disse certa vez com relação à Fórmula 1, um piloto que me foge à lembrança, quando questionado sobre largar bem, sair na frente: “não fico olhando para a luz verde esperando que se acenda, mas sim para a vermelha esperando que se apague”.

Esse é o tipo de pensamento que faz um craque, mas não basta só isso, a questão é manter essa concentração dentro do ambiente competitivo em meio às cobranças da torcida e do técnico e mesmo ante às suas próprias expectativas.

Neymar, a promessa santista, tem envergadura de craque e aparenta ser bem conduzido em seus passos na carreira por seu pai, que também se chama Neymar e também foi jogador. Não há dúvida que estamos diante de um atleta que irá ocupar um lugar de destaque no meio futebolístico, mas sua provação hoje parece ser acostumar-se ao burburinho que uma estrela de sua magnitude pode causar em torno de si para que seu raciocínio e sua percepção do jogo prevaleçam.

O jogador passa por seu batismo de fogo, e que fogo vai enfrentar.
Sabemos que o Corinthians já era favorito antes do primeiro jogo e, com o resultado de 3 x 1 para o timão então, parece uma tarefa dantesca para o Santos reverter a situação.

Com as recentes más apresentações de Kleber Pereira e equívocos atribuídos ao comando de Vagner Mancini, entre outras coisas, por ter escalado time reserva contra o CSA na Vila num jogo cuja derrota do peixe teria perturbado psicologicamente seus jogadores, parece que vai ficar mais difícil, nesta final, vermos a estrela de Neymar brilhar plenamente.

Contudo, o futuro de um craque deve ser construído com cautela, é preciso saber entender o momento pelo qual passa seu time, assim como o clube, de maneira geral e aguardar que o menino acumule experiência.

Neymar está no caminho, tem seu talento mas ainda não despontou, não foi possível ainda notar nele aquele raciocínio rápido que diferencia o craque do jogador, o que os torcedores do peixe devem muito ansiar que aconteça, pois neste quesito ninguém jamais conheceu tão intimamente o maior de todos, portanto sabem o que esperar de um verdadeiro craque.

Que o santista não se iluda, o time precisa se reforçar e no brasileirão o buraco é mais embaixo. Sem boas atuações do time fica difícil, ainda mais para um garoto, vencer as ansiedades e brilhar de fato.

terça-feira, 28 de abril de 2009

A volta do boêmio

De volta ao blog, depois de muito tempo sem escrever, confesso: coisas da internet ainda me custam a uma imediata adesão.
Depois de criado este blog, por conta de um trabalho de faculdade, havia deixado de lado por uma simples razão: não era leitor de blogues e sabe por que? Me parecia um território livre demais para se levar a sério.
Mas parece que o segredo, como tudo na vida, é separar o joio do trigo e hoje deleito-me ao ácido sabor de articulistas que de hoje em diante, aqui e ali, serão citado em textos oportunos.
Feliz de retomar esse canal, com boa disposição para falar sobre música, política e futebol e todos os seus desdobramentos no nosso cotidiano, espero estabelecer aqui um espaço para um saudável debate sobre os assuntos aqui postados.
É isso.