quinta-feira, 14 de maio de 2009

Porque não censuraram João Ubaldo em Portugal e por que censuramos o livro sobre Robertão aqui no Brasa!

O grupo Auchan, dono da rede de supermercados Jumbo sediada em Portugal, anunciou pela segunda vez em dez anos a suspensão da venda do livro A Casa dos Budas Ditosos, do escritor brasileiro João Ubaldo Ribeiro, com a alegação de que a obra é pornográfica. Simplesmente.

Em primeiro lugar não li o livro, portanto, não posso aferir o devido teor de sacanagem do mesmo, mas, quem o leu afirma que tudo está em contexto com a história e que o livro não versa só sobre isso, enfim...

O que a primeira vista aparenta um ato de censura, seguramente, não é.

Como entende o articulista João Pereira Coutinho, jornalista português que também escreve na Folha de SP, o ato de suspender a venda do livro, por parte da empresa, é “ridículo, provinciano e analfabeto, mas, paradoxalmente, é um ato de liberdade”.

Ora vamos aos fatos: quem resolveu suspender a venda do produto foi a empresa privada que o comercializa, simplesmente retirando de suas prateleiras.
Nada contra, por mais absurda e preconceituosa que seja a decisão de escolher a mercadoria que se vende, é direito legítimo.

Em Portugal este livro continua disponível em qualquer outro ponto de venda porque a suspensão da venda é unilateral e reservada a uma única empresa que de maneira alguma determina parâmetros culturais ou sequer tem envergadura no sentido de impor restrições a temas abordados em peças culturais sendo, portanto, o único a perder com o ato.

Já no Brasil, o Brasa!, permitimos que o livro escrito por Paulo César Araújo com a biografia de Roberto Carlos seja, por decisão judicial, recolhido das prateleiras das livrarias de todo país!

Claro que a notícia é pra lá de velha, mas observemos as diferenças entre o “arcaico” Portugal e o “modernoso” Brasil: lá se pode comprar e ler a pornografia de João Ubaldo, desde que longe do Jumbo, um reduto de compras familiar, já, aqui quem é fã do “Rei”, mas fã mesmo, como o autor da biografia Paulo César, fica privado da obra de uma vida inteira de jornalismo dedicada a coberturas da carreira do cantor, materiais exclusivos coletados ao longo da vida do Robertão.

Na prática sofremos uma censura a um material jornalístico que no Brasil não ocorria desde os tempos da ditadura.

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