quinta-feira, 30 de abril de 2009

De Pelé a Neymar

Na copa de 70 no México tiveram duas jogadas que revelaram toda genialidade do Pelé, mas que não se converteram em gols: uma delas foi aquele drible de corpo, e de vaca, no goleiro uruguaio Mazurkiewicz e outra, aquela bola que ele chutou do meio-campo e que passou à esquerda do goleiro Viktor, da Tchecoslováquia no estádio Jalisco. Também pode-se citar a cabeçada para o chão que o inglês Gordon Banks defendeu, mas apesar da visão do craque brasileiro, nesta jogada o personagem foi mesmo o goleiro britânico que protagonizou uma defesa tida como impossível.

A marca do craque está em ambas as jogadas, e até mesmo na da cabeçada: o craque sabe onde está em campo, sabe onde está o adversário marcador e para onde este vai, sabe onde está o gol e o goleiro e a sua capacidade é fechar esta conta mais rápido que todos e, em vantagem de tempo, decidir o que fazer com a bola. A cabeça é o terceiro pé, como afirmou certa vez Neném Prancha.

Essa pequena vantagem de fração de segundo é fator que, dentro do âmbito esportivo, significa uma enorme diferença, senão, vejam o que disse certa vez com relação à Fórmula 1, um piloto que me foge à lembrança, quando questionado sobre largar bem, sair na frente: “não fico olhando para a luz verde esperando que se acenda, mas sim para a vermelha esperando que se apague”.

Esse é o tipo de pensamento que faz um craque, mas não basta só isso, a questão é manter essa concentração dentro do ambiente competitivo em meio às cobranças da torcida e do técnico e mesmo ante às suas próprias expectativas.

Neymar, a promessa santista, tem envergadura de craque e aparenta ser bem conduzido em seus passos na carreira por seu pai, que também se chama Neymar e também foi jogador. Não há dúvida que estamos diante de um atleta que irá ocupar um lugar de destaque no meio futebolístico, mas sua provação hoje parece ser acostumar-se ao burburinho que uma estrela de sua magnitude pode causar em torno de si para que seu raciocínio e sua percepção do jogo prevaleçam.

O jogador passa por seu batismo de fogo, e que fogo vai enfrentar.
Sabemos que o Corinthians já era favorito antes do primeiro jogo e, com o resultado de 3 x 1 para o timão então, parece uma tarefa dantesca para o Santos reverter a situação.

Com as recentes más apresentações de Kleber Pereira e equívocos atribuídos ao comando de Vagner Mancini, entre outras coisas, por ter escalado time reserva contra o CSA na Vila num jogo cuja derrota do peixe teria perturbado psicologicamente seus jogadores, parece que vai ficar mais difícil, nesta final, vermos a estrela de Neymar brilhar plenamente.

Contudo, o futuro de um craque deve ser construído com cautela, é preciso saber entender o momento pelo qual passa seu time, assim como o clube, de maneira geral e aguardar que o menino acumule experiência.

Neymar está no caminho, tem seu talento mas ainda não despontou, não foi possível ainda notar nele aquele raciocínio rápido que diferencia o craque do jogador, o que os torcedores do peixe devem muito ansiar que aconteça, pois neste quesito ninguém jamais conheceu tão intimamente o maior de todos, portanto sabem o que esperar de um verdadeiro craque.

Que o santista não se iluda, o time precisa se reforçar e no brasileirão o buraco é mais embaixo. Sem boas atuações do time fica difícil, ainda mais para um garoto, vencer as ansiedades e brilhar de fato.

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